Hoje, falaremos um pouco sobre o Lean Healthcare. Particularmente, confesso que, à primeira vista, estranhei um pouco o termo (explicarei melhor depois), mas estudando o tema mais a fundo, entendi o quanto o conceito faz sentido.

Não à toa, a gestão enxuta na saúde tem crescido nos últimos anos, mesmo que timidamente, e chamado a atenção dos profissionais de saúde e empresas. Afinal, na área da saúde, a gestão dos recursos ou processos vai muito além de lucros ou prejuízos, ela está diretamente ligada ao cuidado com o paciente. E isso, minha gente, é extremamente importante, pois cada melhoria ou otimização pode resultar em vidas salvas.

Por isso, vamos mergulhar neste conceito e entender como ele pode ajudar hospitais, clínicas, laboratórios e outras instituições do setor de saúde. Até o final do texto, vamos compreender como ele pode ser uma ótima alternativa para a área, ajudando pacientes e empresas. Então, dito isso, bora lá?

Lean + Healthcare: esses conceitos combinam?

Para entender esse termo, precisamos compreender as palavras que o compõem. Algo que, de começo, não parece combinar muito.

Primeiro, temos “Lean”. A palavra vem de Lean Manufacturing, um conjunto de princípios, ferramentas e boas práticas originalmente desenvolvidos no Sistema Toyota de Produção. Também conhecido como “produção enxuta” ou “manufatura enxuta”, a filosofia tem como objetivo eliminar desperdícios, melhorar processos e agregar o maior valor possível ao cliente, mas utilizando a menor quantidade de recursos possível! 

E se você reparou, o Lean nasceu para produzir mais carros com menos custos (resumindo bastante).

Já “Healthcare” é um termo que engloba todas as organizações focadas nos cuidados em saúde. Ele abrange desde o atendimento ao paciente até os exames realizados e equipamentos utilizados, assim como cuidados preventivos ou paliativos e a indústria farmacêutica. Uma característica interessante é que essa área, como um todo, é extremamente inovadora e busca constantemente por melhores práticas, processos e tecnologias.

E se você reparou, o Healthcare nasceu para cuidar de pessoas!

Quando li esse termo pela primeira vez, achei estranho. Afinal, como podemos juntar dois conceitos criados para setores completamente diferentes? Um deles visa produzir “máquinas”, melhorar processos industriais. O outro foca nas pessoas, no cuidado e assistência médica. De cara, as coisas não colaram para mim. (Confesso, errei, “fui moleque”, haha! Mas prossigamos!)

O que é Lean Healthcare?

Ao analisar corretamente o termo, vemos que ele faz TOTAL SENTIDO! Isso porque Lean Healthcare é a aplicação dos conceitos (princípios, técnicas e ferramentas) do Lean Manufacturing aos processos do setor da saúde.

De forma resumida, o objetivo dessa filosofia é eliminar desperdícios e agregar valor real ao paciente. Assim, procuramos garantir que cada etapa do atendimento seja mais eficiente, segura e focada no que realmente importa, ou seja, a qualidade do cuidado. Dessa forma, gerindo melhor os recursos e processos, conseguimos prestar melhor assistência e, assim, cuidar de mais vidas.

A simples redução do desperdício é vital para qualquer empresa. Entretanto, se pensarmos no contexto da saúde pública, por exemplo, elevamos a importância do Lean Healthcare ainda mais. Afinal, sabemos que os recursos disponíveis sempre foram um grande desafio do setor. Isso sem contar outros benefícios, como a redução de erros e etc. Isso tudo, é claro, com absoluto foco em gerar valor para o paciente.

Benefícios do Lean Healthcare

A lista de vantagens do Lean Healthcare é grande, contando com benefícios diretos e indiretos. Entretanto, alguns deles se destacam, merecendo atenção. Se você quer convencer a diretoria a implementá-lo, vale focar neles! Vejamos:

• Aumento significativo da segurança do paciente: a padronização de processos e utilização de técnicas de gestão Lean ajudam a minimizar falhas e reduzir a variabilidade nos procedimentos. Isso pode resultar na diminuição de erros médicos ou contaminações em centros cirúrgicos, assim como evitar medicação incorreta, por exemplo;
• Maior engajamento dos colaboradores: a filosofia ajuda os profissionais a se sentirem parte ativa das melhorias, processos e cuidados. Assim, médicos, enfermeiros, técnicos, pessoal administrativo e gestores trabalham em equipe e focados no cuidado;
• Melhoria de fluxos de processos: o Lean possui alto foco em processos, o que pode garantir mais conformidade e velocidade às instituições. Isso se estende desde o agendamento de consultas até a alta hospitalar, mas sempre focando no bem-estar e cuidado do paciente. Um exemplo simples é a grande redução do tempo de espera de pacientes (que pode chegar até 50%);
• Maior satisfação de pacientes e familiares: o Lean Healthcare, antes de tudo, visa garantir valor ao paciente. Assim, todo esforço empregado nas melhorias e rotinas acaba percebido pelo paciente. Assim, ele compreende melhor a atenção recebida ou no resultado do tratamento, valorizando ainda mais a instituição;
• Assertividade no controle de custos: com processos melhores, temos menos desperdício de insumos, mais tempo para cada paciente e uma infraestrutura otimizada. Isso ajuda a reduzir custos (eliminando prejuízos), bem como retrabalho, movimentações desnecessárias ou excesso de burocracia.

Só frisando: essas são apenas algumas vantagens desse estilo de gestão. Existem diversos benefícios indiretos importantes, como a melhoria da Cultura, a retenção de talentos, a melhoria de reputação ou na tomada de decisões. E muitos outros! 😉

Aplicação prática das metodologias enxutas

O Lean Healthcare se utiliza de diversas metodologias inicialmente pensadas para as fábricas, a começar pelo Value Stream Mapping ou, em português, Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV). Desenvolvido para a cadeia produtiva, aqui o MFV tem como objetivo identificar etapas do atendimento e revelar erros e desperdícios (filas, atrasos, retrabalhos etc).

Além disso, técnicas como o Just-in-Time e o Kanban ajudam na gestão de pessoas e recursos. O Just-in-Time, por exemplo, ajuda a garantir que o atendimento será prestado no momento certo para o paciente certo. Já o Kanban pode ser vital no gerenciamento de estoques ou insumos.

Além disso, temos a metodologia 5S, que preza pela organização e limpeza de ambientes. Ela nasceu para organizar o caos das linhas de produção, mas na saúde adquire ainda mais importância. Sabemos que problemas relacionados à limpeza podem levar a contaminações hospitalares, um grave problema. Assim, as técnicas do 5S podem ajudar a aumentar a agilidade e velocidade do trabalho sem abrir mão da segurança.

Por fim, todos esses conceitos atuando em conjunto com o Kaizen (Melhoria Contínua) podem fazer verdadeiros milagres. Afinal, ao unir o envolvimento da equipe, melhorias incrementais (pequenas melhorias diárias) e o foco em redução de erros e desperdícios, os processos alcançam patamares inacreditáveis de produtividade e segurança.

Humanização e Processos: o melhor dos dois mundos

Por fim, é até um pouco constrangedor eu não ter percebido como a junção do Lean à área da saúde pode ser tão positiva. Fica, inclusive, um reforço para sempre mantermos nossa mente aberta ao novo.

De qualquer forma, o Lean Healthcare é uma tendência importante e que requer maior atenção. Ele nos ajuda a tomar decisões baseadas em fatos e dados, assim como exacerba a importância do cuidado ao paciente. A meu ver, ele intensifica a assistência em saúde justamente por enxergar tudo de forma sistêmica. Isso porque, aqui, fatores humanos, técnicos e de infraestrutura são encarados como um só, ou seja, como formas de salvar vidas.

O Lean Healthcare, portanto, pode ser o caminho para uma gestão em saúde mais eficiente, segura e humana. Ele integra fatores que, à primeira vista, podem não parecer relacionados. Ao fazer isso em um sistema único de gestão, ele é capaz de reduzir desperdícios, apoiar decisões e, o mais importante, ampliar a qualidade do cuidado ao paciente. No fim, trata-se de colocar a vida e a dignidade no centro de cada processo, atividade ou tarefa. E isso é maravilhoso! 🤘🏻😁

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